sexta-feira, 13 de abril de 2012

APOCALIPSE - 1º LIÇÃO


Este material se constitui em simples anotações para uso na Escola Dominical em Tailândia-PA

Taciano Cassimiro


LIÇÃO 1 – O LIVRO DE APOCALIPSE

INTRODUÇÃO
Sem dúvida alguma o livro de Apocalipse é considerado o mais difícil de entender. Alguns o consideram um livro assustador, e houve tempo em que o mesmo foi considerado sem inspiração divina, portanto, não canônico. 

Apocalipse hoje tem um sentido bem diferente do pretendido originalmente. Apocalipse passou até o sentido de catástrofes, tragédias de proporções universal e, principalmente, Fim do Mundo.
Na tentativa de interpretar e aplicar seus ensinamentos muitos equívocos foram cometidos, como o do adventista William Miller que disse que o mundo acabaria entre 21 de março de 1843 e 21 de março de 1844. 

Sem dúvida um dos casos mais intrigantes da história foi do astrólogo Johannes Stoeffler [1452-1531] previu o fim do mundo num dilúvio em 20 de fevereiro de 1524. Uma arca de três andares foi construída. No dia 20 de fevereiro, começou a chover logo de manhã cedo. Torrencialmente. Uma multidão entrou em pânico e tentou invadir a arca, querendo defender a propriedade. O conde conseguiu matar um com sua espada, mas morreu pisoteado pela turba. Antes do final do dia, a população local tinha se chacinado mutuamente: um matando o outro, crianças, velhos e mulheres sendo pisoteados. A arca foi destruída. Diante daquele desastre, Stoeffler simplesmente argumentou que ele estava certo, afinal uma desgraça tinha acontecido! Resolveu então prever novo fim do mundo para 1528, mas ninguém lhe deu atenção.

Nosso objetivo é conhecer melhor o livro de Apocalipse, sua estrutura, seu conteúdo e sua mensagem, no intuito de evitarmos cair em erros que têm sido tão comuns ao longo da história.

I.                   GÊNERO LITERÁRIO

Apocalipse é uma palavra que deriva do grego” apocaliptein “, que significa desvendar, fazer aparecer, revelar.
A palavra é formada pela preposição grega apo= de, apartir de, mais o verbo kaliptô= encobrir,ocultar, o substantivo apocalipses, é usado para denotar a manifestação de coisas previamente ocultas.

1)      O Gênero Apocaliptico
Sabemos que os apocalipses formam um gênero literário à parte. O gênero apocalíptico floresceu no Oriente Médio, nos séculos I e II AC, e aparece nas literaturas judaica, cristã, gnóstica, grega, persa e latina. Sem dúvida alguma o gênero apocalíptico é uma literatura codificada. Sendo, portanto entendida somente pelos iluminados, fies, ou os familiarizados com tal literatura. A literatura apocalíptica tem dois objetivos: primeiro, revelar aos domésticos da fé, e segundo, ocultar aos inimigos da fé, do povo de Deus o significado das mensagens.

2)      Origem da Literatura Apocaliptica
Dois momentos históricos de 200 A.C . a 200 D.C servem de base para o surgimento da literatura apocalíptica.
Primeiro, o período de perseguição através de Antioco Epifânio IV ( 175-164 ), cujo nome significa “que se manifesta com esplendor", foi um rei da Dinastia Selêucida que governou a Síria entre 175 e 164 a.C. Depois de inúmeras guerras Antioco focou sua atenção a Judéia, que procurou helenizar. Em 167 A.C. Antioco conquista Jerusalém, passou a forçar a helenização, proibiu o culto judaico, Shabat e a circuncisão foram proibidas, os livros da Lei de Deus foram queimados e no altar dos holocaustos foi erigido uma estátua a Baal-Shamem ou Zeus Olímpico. Estes atos de Antioco deu origem a Revolta de Macabeus.

Segundo, os períodos de perseguição encabeçadas pelos imperadores romanos entre eles destacam-se Nero que governou Roma de 54 a 68 D.C. Seu reinado foi marcado pela tirania e extravagância. Foi perseguidor dos cristãos. Nero é acusado de ter incediado Roma e colocado a culpa nos cristãos, e como punição muitos cristãos foram jogados aos cães, outros queimados vivos, e outros tantos crucificados. O outro imperador é Domiciano, seu governo foi de 81 a 96 D.C. Sua divindade favorita era Minerva, embora tenha restaurado o Templo de Júpiter. Domiciano ressuscitou a prática do culto imperial. Segundo os escritos de Eusébio de Cesareia  os cristãos e judeus foram implacavelmente perseguidos em finais do seu reinado. Eruditos defendem que o livro de Apocalipse foi escrito durante seu reinado. 

Nesse período, o apocalipse de João é o mais conhecido. O mesmo faz parte dos livros canônicos da Bíblia Sagrada.

Vejamos alguns livros apocalípticos que surgiram no período do Antigo e Novo Testamentos, que não constam no cânon da Bíblia Sagrada. Os mesmos são conhecidos como apocalipses judaicos e cristãos.

Apocalipses judaicos:
O Livro de Enoque, A Assunção de Moisés, O Livro de Baruque.

Apocalipses cristãos:
O Pastor de Hermas, O Apocalipse de Pedro, O Apocalipse de Paulo, O Apocalipse de Tomé.
Não podemos esquecer que este gênero literário surgiu em tempo de crise extrema. Os escritores apocalipticistas apareceram com o propósito de transmitir revelação da parte de Deus.

II.                AUTORIA E DATA

É uma característica do gênero apocalíptico o uso de pseudônimo, entre os apocalipses judaicos é usado o nome de um ancestral importante ( Moisés, Jacó ), nos cristãos ( Pedro, Paulo ). No terceiro século Apocalipse foi atribuído ao herege Cerinto. Para Dionísio, o Grande, de Alexandria, pelo ano 250 D.C. afirmou que João não é o autor do livro. Porém, a maioria dos expositores concordam que João, filho de Zebedeu, o apóstolo e discípulo amado é o autor de Apocalipse ( Apo 1.9 ), que o escreveu quando estava em Patmos, uma pequena ilha do mar Egeu, a sudoeste de Éfeso. Justino Mártir, Irineu, Clemente de Alexandria e Tertuliano aceitam o apóstolo João como autor.

O Livro de Apocalipse foi escrito num período em que os cristãos estavam sendo perseguidos por Roma, sendo pressionados a abandonarem a fé e cultuar o imperador. Alguns defendem como data da escrita o período em que Nero governou, ou seja, 64 A.D. Porém, a que melhor se encaixa com as circunstâncias é os anos de 81 a 96 A.D período em que Domiciano era o imperador. Logo a maioria dos estudiosos concorda com 95 ou 96 A.D. como data da escrita.

III.             INTERPRETAÇÃO

Na tentativa de interpretação do livro de Apocalipse surgiram linhas distintas, e a aceitação de uma delas determinará a forma de interpretação do leitor.
São elas:

Há quatro escolas principais de interpretação do Apocalipse:

1.      A Escola Preterista - considera que o simbolismo de Apocalipse se refere exclusivamente a fatos acontecidos na época em que o livro foi escrito e que eles não têm relação alguma com o futuro. Essa escola é difícil de ser aceita, uma vez que o elemento profético do livro é muito forte.

2.      A Escola Idealista - considera Apocalipse apenas como uma gravura simbólica da luta entre o bem e o mal, entre o Cristianismo e o Paganismo.
Ela defende que o simbolismo do livro não pode ser atribuído a eventos históricos nem no passado nem no futuro e focaliza os aspectos morais, espirituais e éticos do livro.

3.      A Escola Historicista - acredita que Apocalipse esboça, em termos simbólicos, todo o curso da história da humanidade, desde o surgimento da igreja em Pentecostes até a segunda vinda de Cristo. Dessa forma, cada evento ou símbolo registrado no livro estaria se referindo a um acontecimento histórico. Por exemplo, os selos seriam a queda do império romano; a erupção de gafanhotos estaria ligada às invasões muçulmanas, etc.
4.      A Escola Futurista - acredita que os primeiros três capítulos de Apocalipse se referem aos tempos em que o livro foi escrito. Os outros capítulos do livro se referem a eventos que aconteceriam pouco antes de Cristo retornar.

IV.             CONTEÚDO DO LIVRO
  • Capítulo 1 – Revelação do Cristo Ressurreto
  • Capítulo 2 e 3 – Carta às sete igrejas
  • Capítulo 4 – A visão do trono da glória de Deus
  • Capítulo 5 – Só Ele é digno de abrir o livro selado com sete selos
  • Capítulo 6 – Os primeiros seis selos são abertos
  • Capítulo 7 – Os 144.000 e os mártires da grande tribulação
  • Capítulo 8 – O sétimo selo é aberto – as quatro primeiras trombetas são tocadas
  • Capítulo 9 – A quinta e a sexta trombetas são tocadas
  • Capítulo 10 – João come um livrinho trazido do céu
  • Capítulo 11 – As duas testemunhas e a sétima trombeta
  • Capítulo 12 – A mulher e o dragão
  • Capítulo 13 – As duas bestas
  • Capítulo 14 – O cordeiro com os 144.000 e os três anjos que proclamam os juízos de Deus
  • Capítulo 15 e 16 – Sete anjos e as sete últimas pragas
  • Capítulo 17 – A queda da Babilônia: a visão da grande prostituta
  • Capítulo 18 – A queda da Babilônia: lamentações sobre a terra
  • Capítulo 19 – A queda da Babilônia: alegria no céu, as bodas do cordeiro, a vitória de Cristo sobre a besta e o falso profeta
  • Capítulo 20 – Satánas é aprisionado durante mil anos, depois solto e ocorre o juízo final
  • Capítulo 21 – Novo céu e nova terra, a nova Jerusalém
  • Capítulo 22 – O Rio da água da vida, conclusão

CONCLUSÃO
Na próxima lição estudaremos as quatro grandes correntes de interpretação do livro de Apocalipse: Pós-Milenista, Pré-Milenista, Amilenista.

 

sábado, 7 de abril de 2012

Como Ouvir Um Sermão

Pouco antes da faculdade, eu li o pequeno clássico de Mortimer Adler chamado Como ler livros. Pode parecer um título estranho. Afinal, como alguém poderia ler o livro a não ser que já soubesse ler? E se já soubesse ler, pra que ler então?

Como ler livros se tronou um dos livros mais importantes que eu já li. Adler rapidamente me convenceu que eu não sabia como ler um livro—não mesmo. Eu não sabia como fazer as perguntas corretas enquanto lia. Como analisar os principais argumentos do livro, ou como marcar meu exemplar para uso posterior.

Eu suspeito que a maioria das pessoas tampouco saiba como ouvir um sermão. Digo isto não como pregador, mas como ouvinte. Durante os últimos trinta e cinco anos eu ouvi mais de três mil sermões. Uma vez que sempre cultuei em igrejas que acreditam na Bíblia, a maioria destes me fez bem espiritual. Entretanto, fico imaginando quantos deles me ajudaram tanto quando deveriam. Francamente, temo que muitos sermões passaram pelos meus tímpanos sem marcarem meu cérebro ou alcançarem meu coração.
Então, qual a maneira correta de ouvir um sermão? Com uma alma preparada, uma mente alerta, uma Bíblia aberta, um coração receptivo e uma vida pronta para entrar em ação.
A primeira coisa é a alma estar preparada. A maioria das pessoas assume que o sermão começa quando o pastor abre a boca no domingo. Entretanto, ouvir um sermão começa na semana anterior. Começa quando oramos pelo ministro, pedindo a Deus que abençoe o tempo que ele gasta estudando a Bíblia e se preparando para pregar. Além de ajudar o pregador, nossas orações ajudam a criar em nós um sentimento de expectativa pelo ministério da Palavra de Deus. Esta é um das razoes porque, no que diz respeito a pregação, as igrejas geralmente recebem o que pedem em oração.

A alma precisa de preparação especial na noite antes do culto. No sábado a noite nossos pensamentos devem lembrar do Dia do Senhor. Se possível, seria bom ler a passagem bíblica agendada para a pregação. Devemos também dormir o \suficiente. Então, de manhã, nossas primeiras orações devem ser a respeito do culto público, e especialmente acerca da pregação da Palavra de Deus.

Se o corpo está bem descansado e a alma bem preparada, então a mente estará alerta. Boas pregações interessam primeiramente à mente. Afinal, é pela renovação de nossas mentes que Deus transforma nossas vidas (Rm 12.2). Então quando ouvirmos um sermão, nossas mentes tem de estar engajadas. Prestar atenção requer autodisciplina. Nossas mentes tendem a viajar durante o culto, ficamos sonhando acordados. Mas ouvir sermões é parte do culto que oferecemos a Deus. É ainda a oportunidade mais importante para ouvirmos sua voz. Não devemos insultar sua majestade e ficar olhado para os outros, pensando na semana que vem ou nos entretendo com os milhares de outros pensamentos que tumultuam nossa mente. Deus está falando e devemos ouvir.
Para isto, muitos cristãos entendem que ajuda ouvir os sermões com um lápis na mão. Embora não seja requerido tomar notas, é uma maneira de focar durante o sermão. É ainda um valioso auxilio a memória. O ato físico de escrever algo nos ajuda a fixar isto em nossas mentes. Além disso, há a vantagem de ter notas para futura referência. Tiramos mais benefício de um sermão quando mais tarde lemos, oramos e falamos acerca de nossas notas do sermão com alguém.

O lugar mais conveniente para tomar notas é dentro ou em nossas Bíblias, que sempre devem estar abertas durante um sermão. Alguns crentes fingem que conhecem a Bíblia tão bem que não precisam olhar a passagem sendo pregada. Mas isto é tolice. Mesmo se temos a passagem memorizada, sempre há coisas novas que podemos aprender ao ver o texto bíblico na página. Faz todo sentido pensar que temos mais proveito de um sermão com as nossas Bíblias abertas, não fechadas. É por isto que é tão encorajador pra um pregador expositivo ouvir o farfalhar das páginas virando enquanto sua congregação procura a passagem em uníssono.
Há outra razão para manter nossas Bíblias abertas: devemos nos assegurar que aquilo que o ministro diz está de acordo com as Escrituras. A Bíblia diz, acerca dos Bereanos que Paulo encontrou em sua segunda viagem missionária, “eles receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim”. Poderia se esperar que os Bereanos fossem criticados por ousar escrutinar o ensino do apóstolo Paulo. Ao contrário, eles foram elogiados por seu compromisso em testar cada doutrina de acordo com as Escrituras.

Ouvir um sermão — realmente ouvi — envolve mais que nossas mentes. Também requer corações receptivos à influência do Espírito de Deus. Algo importante ocorre quando ouvimos um sermão. Deus fala conosco. Através do ministério interno de seu Espírito Santo, ele usa sua Palavra para acalmar nossos medos, confortar nossos sofrimentos, incomodar nossa consciência, expor nosso pecado, proclamar a graça de Deus e nos fortalecer em nossa fé. Mas todas estas são coisas do coração, não apenas da mente, logo ouvir um sermão nunca é apenas um exercício intelectual. Precisamos receber a verdade bíblica em nossos corações, permitindo que o que Deus fala influencie o que amamos, o que desejamos e o que adoramos.
A última coisa a dizer sobre ouvir sermões é que deveríamos estar ansiosos por colocar em prática o que aprendemos. Boas pregações sempre aplicam a Bíblia à vida diária. Nos ensinam que promessas crer, que pecados evitar, que atributos divinos adorar, que virtudes cultivar, que objetivos perseguir, que boas obras fazer. Sempre há algo que Deus quer que façamos em resposta à pregação de sua Palavra. Somos chamados a ser “praticantes da Palavra, não somente ouvintes” (Tiago 1.22). Se não somos praticantes, então não fomos ouvintes e o sermão foi desperdiçado em nós.

Você sabe como ouvir um sermão? Ouvir—realmente ouvir—envolve uma alma preparada, uma mente alerta, uma Bíblia aberta e um coração receptivo. Mas a melhor maneira de verificar se estamos ouvindo é pela maneira que vivemos. Nossas vidas devem repetir os sermões que ouvimos. Como o apostolo Paulo escreveu para algumas das pessoas que ouviram seus sermões, “Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens, estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações” (2Co 3.2 e 3).
 
 
Fonte: Este artigo apareceu originalmente no site Reformation21, Copyright 2012, The Alliance of Confessing Evangelicals.
Tradução: Emílio Garofalo Neto

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